Tony Boy e o Amarelinho: A Saga de Ilha Comprida
"Acompanhe a hilária saga de Tony Boy e seu Fiat 147 amarelo rumo à Ilha Comprida. Atolamento, galo voador, churrasco desastroso e muito perrengue em uma aventura inesquecível!"

1. A Partida do Amarelinho
O sol ainda nem tinha derretido o asfalto e Tony Boy já estava de regata branca, chinelo velho e óculos escuros no estilo “aviador do Brás”. Ele saiu da garagem empolgado, deu três tapas no capô do seu Fiat 147 amarelo, carinhosamente apelidado de “Amarelinho”. O carro estava com o porta-malas cheio: farofa, maionese duvidosa, três toalhas, um isopor e um galo inflável preso com cordinha de varal no teto. “Hoje vai ser histórico!”, gritou ele, ligando o carro que tossiu duas vezes antes de pegar. A vizinha, já acostumada com o caos, só balançou a cabeça e avisou: “Tony Boy, vê se volta com esse trem inteiro!”. Ele sorriu, engatou a primeira e partiu de Sorocaba em direção à Ilha Comprida. O rolê já cheirava a gasolina e perrengue.
2. O Atolamento do Século
Depois de seis horas de estrada, três ultrapassagens perigosas, um xingamento pra um caminhoneiro e dois “só mais um posto e a gente chega”, Tony Boy avistou o mar. Arregalou os olhos, gritou “É A ILHA!” e acelerou com emoção o Amarelinho. Chegando na faixa de areia, ignorou totalmente o estacionamento e foi direto pra beira do mar. “Aqui é lugar de respeito!”, disse, acelerando sobre a areia fofa como se pilotasse um jipe militar. Trinta segundos depois, o 147 afundava mais rápido que promessa de político. A roda traseira sumiu e o escapamento já pedia socorro. Tony Boy abriu a porta com calma, desceu, olhou a situação e mandou: “Tá tudo sob controle!”. Spoiler: não tava. A criançada ao redor filmava rindo. Começava oficialmente o vexame.
3. O Galo Inflável e a Zica Voadora
Enquanto Tony Boy tentava desatolar o Amarelinho com uma pá de brinquedo e uma tampa de isopor, o vento começou a dar sinais de que o dia ia azedar. No começo era só uma brisinha de leve, mas em poucos minutos virou uma rajada maligna, estilo ventilador de poste no máximo. O galo inflável, preso no teto com uma cordinha de varal, começou a dançar igual bandeira de torcida. Quando Tony Boy virou de costas pra procurar um chinelo perdido, a cordinha arrebentou e o galo levantou voo feito foguete de festa junina. “MEU GALO!!!”, gritou Tony Boy, correndo torto, tropeçando numa caixa de latinha e rolando até o calçadão. O bicho pousou direto na cabeça de um ciclista que caiu com tudo. Tony Boy só dizia: “Não é possível!”
4. O Churrasco da Derrota
Depois do Amarelinho atolado e do galo inflável sequestrado pelo vento, Tony Boy decidiu que ainda podia salvar o dia: ia fazer o famoso churrasco raiz. Montou a churrasqueira portátil do lado do carro, estufou o peito e soltou com orgulho kkkkk : “Aqui tem presença!”. Pegou um saco de carvão meio úmido, uma caixa de fósforo molhada e um restinho de álcool vencido. Depois de 15 sopros, três espirros e quase perder a sobrancelha, uma labareda subiu tão rápido que assustou até o vendedor de picolé da barraca ao lado. Tony Boy, sem perder a pose, gritou: “É assim que acende essa bagaça!”. Só que a maré já tava vindo sorrateira, estilo ladrão profissional. Em segundos, a água levou o isopor, a farofa e até a maionese. A linguiça? Virou petisco de gaivota.
5. O Show Musical do Desespero
Molhado, sujo e sem linguiça, Tony Boy olhou pro céu, respirou fundo e disse: “Se não vai no churrasco, vai no talento!”. Sacou sua caixa de som bluetooth da sacola plástica, colocou em cima do capô do Amarelinho e apertou o play. Começou a tocar um clássico dos modão: Tião Carreiro e Pardinho rasgando o peito com “Pagode em Brasília”. Tony Boy fechou os olhos e gritou: “Agora vai melhorar!”. Mas foi só chegar no refrão que a bateria da caixa morreu, deixando todo mundo no vácuo emocional. A galera ficou em silêncio. Então Tony Boy pegou uma garrafa pet vazia e improvisou: “Se é pra passar vergonha, que seja com classe!”. Batucando no isopor, mandou um pagode zoado. O cachorro uivava, o pescador gritava, e Tony Boy? Só aumentava o tom.
6. O Resgate do Cooler
No meio do pagode improvisado, alguém percebeu que o cooler estava indo embora com a maré. Ele boiava em câmera lenta, igual aquelas cenas de filme triste. A galera entrou em pânico: lá dentro estavam as últimas garrafinhas de água mineral, essenciais pra rebater o calor e a vergonha do dia. Sem pensar duas vezes, Tony Boy gritou: “DEIXA COMIGO!” e correu em direção à água. A areia afundava, o vento batia, e os borrachudos faziam a festa. Tony Boy escorregou três vezes, perdeu o chinelo, quase pisou num tatuí e gritou mais alto que criança com água gelada, mas não desistiu. Pegou o cooler com uma mão e levantou como se fosse troféu do Brasileirão. Voltou com a cara suja, short rasgado e duas águas mornas dentro. A galera aplaudiu. Era lenda viva.
7. A Volta pra Casa
O sol já se escondia atrás das dunas e o vento trazia aquele cheirinho de maresia misturado com carvão molhado e dignidade perdida. Tony Boy olhou pro céu, suspirou e disse: “Chega. Bora antes que eu vire lenda urbana.”. Começou a arrumar as coisas, ou melhor, o que sobrou: o cooler molhado, a churrasqueira encharcada, a toalha cheia de areia e um pedaço de linguiça que ninguém sabe de onde veio, e o galo inflável parcialmente murcho. O Amarelinho, ainda atolado, precisou de três empurrões, dois vizinhos de praia e uma promessa de churrasco pra desatolar. Quando finalmente pegou no tranco, tossiu, soltou fumaça branca e voltou a roncar como uma betoneira sonolenta. Tony Boy dirigia descalço, todo sujo de areia, com uma garrafinha d'água no colo e o som quebrado. Mas apesar de tudo, ele sorria: “Valeu cada segundo”.
8. A Moral da História
Na estrada de volta pra Sorocaba, com o som quebrado, o banco molhado e areia saindo até pelo porta-luvas, Tony Boy seguia firme. O Amarelinho tossia, mas ia. Quando avistou a famosa curva da Cabeça da Anta, ele até comentou: “Se passou daqui, chega em casa”. Falou cedo demais. No meio da subida, o ponteiro da temperatura subiu mais rápido que fofoca em grupo de WhatsApp. O radiador começou a chiar, saiu fumaça do capô, e o Amarelinho parou seco, tossindo igual fumante de rodoviária. Tony Boy desceu com calma, abriu o capô e falou: “Vai com Deus, guerreiro. Você foi longe demais.” Jogou uma garrafinha de água mineral no motor e sentou no acostamento. Enquanto a fumaça subia, ele olhou pro céu e riu. Porque no fim das contas, o perrengue vale a história. E com Tony Boy, sempre vale.